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Pinturas
Objetos | Esculturas
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1998
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Fazem 10 anos que os fragmentos de figuras, executados por Adriana Banfi, em aquarelas suaves, mas concisas, forraram as paredes de minha galeria. Foi, naquele momento, nos fundos dessas aquarelas, que se abriu a possibilidade de uma experiência abstrata para a artista.
Experiência que Adriana captou e desenvolveu com grande paixão e uma técnica apurada, em temas onde, muitas vezes, sentimos os sons musicais que "embalam" suas tardes de pintura.
E, agora, com "As quatro estações" como fundo ela apresenta essa série de contrastes e passagens onde, estética e musicalmente, cor e forma se fundem.
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Pinturas da exposição | acrílico sobre tela
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Adriana Banfi atinge na sua pintura atual propriedades que vem somando de técnicas experimentadas anteriormente: aquarela e gravura, principalmente.
A artista quer fazer da cor uma entidade autónoma, ao inserir na densidade da pintura abstracta a transparência da aquarela. Ao mesmo tempo, contrapondo-se ý ríspida textura, fruto da rugosidade da superfÌcie da tela, Banfi aproxima-se de processos da gravura (incisione), enquanto harmoniza todo esse universo com um grafismo essencial no equilÌbrio e expressivo no gesto.
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Cada técnica traz em si sua linguagem subjacente. Adriana Banfi retira da aquarela a fluidez das transparências; enquanto a gravura da-lhe disciplina, textura e profundidade, espécie de anteparo ao melífluo da aquarela, anulando assim a possibilidade de uma dessas linguagens sobrepujar a outra, dominando a obra. Ao contrário, por serem antagónicas em suas propostas, ambas se anulam, deixando ý pintura uma fenda para o emergir de sua autonomia. Para conseguir esses efeitos de aguada e de textura, a artista emprega a tinta acrílica, na qual pode realizar a témpera adequada, ora tornando-a mais fluídica, em busca de transparências, ora densas rugosidades.
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Todas as artes querem ter a autonomia de linguagem da música. Isto é, todas buscam ter uma linguagem que seja sua e se sua, sem qualquer dependência. Pintura é cor, e cor é, em si mesma, expressão. Esta, uma descoberta da arte moderna, revelação do impressionismo, tendo como precursores os venezianos, que já faziam a pintura refletir a luz ambiental, já na primeira metade do século XIX.
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Adriana Banfi iniciou-se pelo impressionismo. Neste movimento deu-se a redescoberta da cor, cor a plein air, a cor fenómeno natural, imersa na luz atmosférica, a Cor-Luz, cor realidade objetiva. Por isso, devemos ver a obra de Adriana Banfi como música visual. As vezes, música de cámara, grave, de cores leves sem os ruidosos metais; outras vezes, música de tons rasgantes, trazendo tonalidades solares para o solo de sopros, deixando de lado as transparências dos sons de cravo bem temperado, trocando-as pelos agudos jazzísticos do amarelo e do vermelho. Junte-se a tudo isso o grafismo temperador de sua pintura, como se Adriana Banfi riscasse na tela a pauta visual de um diário íntimo.
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Alberto Beuttenmuller
Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte e da Associação internacional de Críticos de Arte (AICA-UNESCO).
 
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Copyright © Adriana Banfi 2002-2023
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