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Fazem
10
anos
que
os
fragmentos
de
figuras,
executados
por
Adriana
Banfi,
em
aquarelas
suaves,
mas
concisas,
forraram
as
paredes
de
minha
galeria.
Foi,
naquele
momento,
nos
fundos
dessas
aquarelas,
que
se
abriu
a
possibilidade
de
uma
experiência
abstrata
para
a
artista.
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Experiência
que
Adriana
captou
e
desenvolveu
com
grande
paixão
e
uma
técnica
apurada,
em
temas
onde,
muitas
vezes,
sentimos
os
sons
musicais
que
"embalam"
suas
tardes
de
pintura. |
E,
agora,
com
"As
quatro
estações"
como
fundo
ela
apresenta
essa
série
de
contrastes
e
passagens
onde,
estética
e
musicalmente,
cor
e
forma
se
fundem. |
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Pinturas
da
exposição
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acrílico
sobre
tela
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Adriana
Banfi
atinge
na
sua
pintura
atual
propriedades
que
vem
somando
de
técnicas
experimentadas
anteriormente:
aquarela
e
gravura,
principalmente.
A
artista
quer
fazer
da
cor
uma
entidade
autónoma,
ao
inserir
na
densidade
da
pintura
abstracta
a
transparência
da
aquarela.
Ao
mesmo
tempo,
contrapondo-se
ý
ríspida
textura,
fruto
da
rugosidade
da
superfÌcie
da
tela,
Banfi
aproxima-se
de
processos
da
gravura
(incisione),
enquanto
harmoniza
todo
esse
universo
com
um
grafismo
essencial
no
equilÌbrio
e
expressivo
no
gesto.
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Cada
técnica
traz
em
si
sua
linguagem
subjacente.
Adriana
Banfi
retira
da
aquarela
a
fluidez
das
transparências;
enquanto
a
gravura
da-lhe
disciplina,
textura
e
profundidade,
espécie
de
anteparo
ao
melífluo
da
aquarela,
anulando
assim
a
possibilidade
de
uma
dessas
linguagens
sobrepujar
a
outra,
dominando
a
obra.
Ao
contrário,
por
serem
antagónicas
em
suas
propostas,
ambas
se
anulam,
deixando
ý
pintura
uma
fenda
para
o
emergir
de
sua
autonomia.
Para
conseguir
esses
efeitos
de
aguada
e
de
textura,
a
artista
emprega
a
tinta
acrílica,
na
qual
pode
realizar
a
témpera
adequada,
ora
tornando-a
mais
fluídica,
em
busca
de
transparências,
ora
densas
rugosidades.
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Todas
as
artes
querem
ter
a
autonomia
de
linguagem
da
música.
Isto
é,
todas
buscam
ter
uma
linguagem
que
seja
sua
e
se
sua,
sem
qualquer
dependência.
Pintura
é
cor,
e
cor
é,
em
si
mesma,
expressão.
Esta,
uma
descoberta
da
arte
moderna,
revelação
do
impressionismo,
tendo
como
precursores
os
venezianos,
que
já
faziam
a
pintura
refletir
a
luz
ambiental,
já
na
primeira
metade
do
século
XIX.
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Adriana
Banfi
iniciou-se
pelo
impressionismo.
Neste
movimento
deu-se
a
redescoberta
da
cor,
cor
a
plein
air,
a
cor
fenómeno
natural,
imersa
na
luz
atmosférica,
a
Cor-Luz,
cor
realidade
objetiva.
Por
isso,
devemos
ver
a
obra
de
Adriana
Banfi
como
música
visual.
As
vezes,
música
de
cámara,
grave,
de
cores
leves
sem
os
ruidosos
metais;
outras
vezes,
música
de
tons
rasgantes,
trazendo
tonalidades
solares
para
o
solo
de
sopros,
deixando
de
lado
as
transparências
dos
sons
de
cravo
bem
temperado,
trocando-as
pelos
agudos
jazzísticos
do
amarelo
e
do
vermelho.
Junte-se
a
tudo
isso
o
grafismo
temperador
de
sua
pintura,
como
se
Adriana
Banfi
riscasse
na
tela
a
pauta
visual
de
um
diário
íntimo.
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Alberto
Beuttenmuller
|
Membro
da
Associação
Brasileira
de
Críticos
de
Arte
e
da
Associação
internacional
de
Críticos
de
Arte
(AICA-UNESCO). |
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